Porquê?

        Porque nasceu este espaço, esta ideia, este conceito?

Comecei há 14 anos atrás pautada pela lógica e as experiências do quotidiano na sala de aula, porque a normalidade numa aula de Matemática nunca me chegou. Sempre quis e quero que todos percebam e incorporem, cresçam e consigam.

A Matemática é paixão mas não solução para tudo. Por isso segui a especialização em Problemas Emocionais e de Comportamento na busca incansável de repostas gerais, na sede de respostas para as diferenças, cada vez mais visíveis, entre o público-alvo, para a heterogeneidade daqueles que chegam todos os dias à Escola e que nas desigualdades têm denominadores comuns.

Trabalhei e conheci a realidade dos Cursos de Educação e Formação, que me permitiu mais uma vez experimentar e perceber. Pode o aluno aprender se o objectivo não for claro e não fizer sentido para ele? Penso que não é necessário responder. Parar as rotinas, não fazer sempre o mesmo só porque o relógio manda, questioná-lo. Voltar a parar. É importante aprender (o alicerce tem de se construir) mas é fundamental a experiência, porque através dela posso construir ferramentas, aplicá-las e melhorá-las. Parar e voltar a caminhar. 

Frequentei e concluir Mestrado em Problemas de Cognição e Multideficiência, porque a sensação de impotência no dia a dia era enorme. Querer ajudar a aprender Matemática? Sim, afinal vivo para a escola, mas ansiar por poder ajudar a viver, a perceber que a Matemática não é x e y, é escolher com base no preço, é prever o tempo gasto se formos mais a fazer, é ligar.

Investi na minha formação para poder exercer melhor as minhas funções e sobretudo para dar resposta àquilo que tantas vezes falta no ensino, nas tradicionais salas de aula. Todo o meu percurso académico dá-me, hoje, a possibilidade de agarrar ideias, conseguir visualiza-las. Eu sou aquela que sonhou com ideias, aprendeu e aprofundou teorias, rompeu dúvidas, e hoje avança para partilhar a cor, o cheiro e a textura daquilo que não se vê com os olhos mas sente-se com o coração.